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Peptídeos: performance e longevidade ou uma promessa boa demais para ser verdade?

Entenda a verdade científica por trás do hype do momento.

Peptídeos são o novo hype das academias e fóruns de conversa sobre performance. Para muitos, são a certeza dos sonhos realizados: mais músculos, menos gordura, melhor sono, pele firme, energia estável… tudo isso com pequenas injeções de moléculas que o próprio corpo produz.

Mas será que essa febre tem fundamento ou estamos apenas diante de mais uma moda disfarçada de ciência?

Antes de tudo, é importante entender o que são peptídeos. Em termos simples e sem bioquímica demais, imagine que eles são pequenas frases dentro de um livro gigante chamado proteína. Dependendo da frase, o corpo interpreta uma mensagem específica: “produza mais colágeno”, “regule o apetite”, “recupere melhor”, “otimize a liberação de hormônios”. É esse potencial de comandar para efeitos bons, evitando colaterais que transformou os peptídeos nas estrelas do momento.

No entanto, como médica e pesquisadora, preciso ressaltar que existe um abismo entre mecanismo biológico plausível e resultado real na prática clínica. Para cada 10.000 moléculas promissoras estudadas apenas uma realmente chega ao mercado com evidências robustas e segurança! E é aqui que a conversa sobre peptídeos precisa amadurecer.

Alguns deles, como semaglutida e tirzepatida, já têm respaldo científico robusto para tratamento da obesidade e não à toa viraram fenômenos globais. Estudos publicados no NEJM mostram perdas de 15% a 22% do peso corporal, algo jamais visto em medicamentos tradicionais. Porém, esses fármacos não são “peptídeos fitness”; são medicamentos que exigem acompanhamento rigoroso e não substituem mudanças no estilo de vida.

Outros peptídeos muito citados na cena fitness, como BPC-157, CJC-1295, Ipamorelina, TB-500, carecem de evidências, mas são anunciados por supostos experts como milagres! Os estudos são escassos, muitos feitos apenas em animais, com doses e pureza diferentes da prática de consultório ou dos frascos vendidos online. A promessa é bonita, mas a ciência ainda não entrega a mesma beleza.

Há também um risco negligenciado: o mercado paralelo. Como não são regulamentados pela Anvisa para fins estéticos ou de performance, muitos peptídeos são produzidos sem controle adequado. É como comprar uma medicamento em um brechó químico, você nunca sabe o que realmente está introduzindo em seu corpo!

Mas nem tudo é alarmismo. A era dos peptídeos aponta para algo maior: a medicina de precisão para performance e longevidade. O futuro, provavelmente, incluirá moléculas altamente específicas, com rastreabilidade e estudos robustos, atuando como finos ajustes no corpo humano.

Enquanto esse futuro não chega, minha orientação é simples e prática:
• Desconfie de soluções milagrosas.
• Avalie se o benefício prometido existe em literatura científica humana.
• Entenda que nada substitui treino consistente, sono adequado e alimentação consciente.
• Consulte um médico que conheça tanto fisiologia quanto tendências do mercado.
. Cuidado com discursos do tipo : só eu tenho acesso a esse medicamento!

Peptídeos podem até ser parte da conversa sobre longevidade. Mas, por enquanto, não são o protagonista — e definitivamente não são o atalho

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