No universo do bem-estar e dos negócios, a ideia de que mais dinheiro traz mais felicidade é um mantra quase sagrado. Mas o psicoterapeuta Clay Cockrell, especialista em atender milionários, nos mostra uma realidade bem diferente: o que ele chama de ‘efeito tóxico da abundância’. Para muitos super-ricos, a busca incessante por acumular fortunas não só não garante a verdadeira felicidade, como também pode ser um veneno para a saúde mental, levando a problemas emocionais graves e a uma falta de propósito além do financeiro.
Ter Tudo Não Significa Ter Paz? O Dilema dos Milionários
Imagine ter acesso a tudo, mas sentir-se isolado e desconfiado. É o que acontece com muitos dos pacientes de Cockrell, que, apesar da riqueza excessiva, enfrentam dificuldades nos relacionamentos e um sofrimento emocional intenso. Herdeiros, por exemplo, muitas vezes lidam com tédio crônico e uma pressão sufocante por alta performance, impactando diretamente sua qualidade de vida. Séries como ‘Succession’ não estão lá só para entreter; elas ilustram bem como o excesso de dinheiro pode gerar conflitos familiares e instabilidade emocional, mostrando que a vida glamorosa esconde um cenário de vazio e falta de um sentido maior.
Do Luxo Ostentado ao De-Influencing: A Virada nas Redes
O discurso da ‘abundância tóxica’ não é por acaso. Ele ganhou força como uma reação direta ao estilo de vida luxuoso e muitas vezes exagerado que inunda as redes sociais. De 2022 a 2024, especialmente nos EUA e na Europa, essa ostentação gerou sentimentos de inadequação e alienação entre os jovens. Em 2023, o movimento ‘de-influencing’ emergiu, com criadores de conteúdo, como Becca Bloom do TikTok, promovendo um consumo mais consciente e sustentável. Esse movimento já influenciou 69% dos usuários de mídia social nos EUA, que agora buscam autenticidade em vez de pura ostentação, com até vídeos satíricos, como os de Tyler, criticando o materialismo excessivo.
Wellness de Luxo: A Resposta do Mercado à Crise da Abundância
Diante desse cenário, o mercado de wellness e terapia tem se adaptado para atender essa demanda inusitada. Entre 2021 e 2024, Nova York viu a ascensão de terapias de luxo, com serviços personalizados que combinam psicologia e experiências exclusivas, focando em bem-estar holístico. Cockrell, por exemplo, usa caminhadas terapêuticas para ajudar a reduzir o estresse e fortalecer o equilíbrio emocional de seus clientes. Não é à toa que mais de 70% dos Millennials e Geração Z ultra-ricos preferem gastar em experiências imersivas, como retiros terapêuticos ou charters de iates, em vez de bens materiais. O futuro aponta para inovações em terapias digitais que, junto com monitoramento emocional, buscam promover a longevidade e o bem-estar para as elites.
A Outra Face da Moeda: Desigualdade e Bem-Estar
A ironia é cruel: enquanto uma parcela minúscula da população sofre com a ‘abundância tóxica’, a maioria enfrenta a escassez e suas consequências devastadoras para a saúde mental, como estresse crônico, ansiedade e depressão devido à falta de recursos básicos. Críticas sociais apontam que focar apenas na infelicidade dos ricos pode desviar o olhar dos desafios enfrentados por quem tem pouco, reforçando desigualdades em narrativas de bem-estar. Por isso, a terapia para os abastados busca um propósito que vá além da conta bancária, valorizando as conexões humanas e um sentido maior para a vida.
A verdadeira riqueza, nesse cenário, talvez não esteja no saldo bancário, mas na capacidade de construir conexões autênticas e encontrar um propósito que transcenda o material. O wellness do futuro, mais do que luxo, aponta para a valorização de um bem-estar comunitário e sustentável, redefinindo o que significa ‘ter tudo’ em um mundo que pede mais equilíbrio e menos excesso.
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